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terça-feira, 31 de maio de 2011

Agora eu sou um peregrino


Domingo eu acordei muito cedo. Precisa terminar de arrumar a mala, fazer a barba, tomar um bom banho e ir para missa. Tivemos uma celebração dominical na capela de nossa casa, em Roma. Era o VI Domingo da Páscoa, ouvimos no evangelho de João, Jesus falando que não nos deixará órfãos. É realmente reconfortante mergulhar profundamente na Palavra. Compromete-nos e consola, sempre.
Missa pronta, café tomado, partimos em peregrinação pelos lugares dehonianos. Eu não imaginava que pudesse viver essa experiência de maneira tão profunda como estou vivendo. É como se a vida fosse acontecendo de maneira tão intensa que quase não tenho tempo para respirar. Mas sei muito bem que todo esse tempo de estudos tem uma razão de ser, preciso me preparar para a missão, que é árdua e exigente. Trabalhar na formação de novos religiosos é sempre desafiador. A matéria prima é o coração do homem, são os jovens que encontrarei pela frente e mais do que ensinar alguma coisa, precisarei vivê-la com eles. Só mesmo a ajuda de Deus, que chama e que conduz, é que faz deste trabalho algo possível.
Mas partimos. Almoçamos em Pisa, ao lado da torre que parece que vai cair a qualquer momento e dormimos em Albissola, no Santuário Dehoniano de Nossa Senhora da Paz. Um lugar lindo, no meio de muito verde e muitas colinas, bem próximo do mar e do porto de Gênova, onde por muitos anos foi a porta de saída de tantos italianos que buscavam vida melhor na América, como fizeram meus antepassados.
Nossos confrades nos receberam com alegria, nos falaram daquele lugar de paz e, de maneira especial, nos falaram de esperança. Nossa província italiana está envelhecendo, como tantas em toda a Europa, e as vocações são raras, mas eu vi brilho nos olhos daqueles velhos dehonianos. Padre Bruno, com seus 92 anos, disse que “é preciso colocar no coração dos jovens a paz, só assim será possível um mundo novo”. Mas é isso que eu sonhava quando era jovem, pensei. Fiz uma prece pedindo a Deus que me dê a graça de chegar nessa idade com esse mesmo brilho nos olhos.
No dia seguinte acordamos antes do sol, celebramos a eucaristia e partimos, afinal, caminhar é preciso.
Chegamos à França, e o primeiro encontro foi em Ars, terra de são João Maria Vianney, depois partimos para Cluny, um lugar com mais de mil anos de cristianismo, andamos à Taizé, fiquei emocionado com a espiritualidade do lugar, e terminamos em Paray le Monial, terra do Coração de Jesus, da santa Margarida Maria e de são Cláudio Columbiere. Meu Deus, muita emoção para um mesmo dia... preciso descansar um pouco. Amanhã teremos um dia de recolhimento e oração. Eu continuo ouvindo as palavras de Jesus de domingo passado: não vos deixarei órfãos.
Obrigado Senhor, e não se esqueça de fazer o meu coração semelhante ao seu, mesmo que isso seja difícil.

sábado, 28 de maio de 2011

Saudade não sei bem de quê?


Canta Mônica Salmaso: “Um dia eu senti um desejo profundo de me aventurar nesse mundo pra ver onde o mundo vai dar...”.
Hoje faz um ano que cheguei à Itália. Era um dia quente, o céu estava azul, e eu feliz, tudo exatamente como o dia de hoje.
Vim para viver, talvez, a experiência mais particular da minha vida. Cheguei com o coração aberto, sem saber bem onde isso iria dar, mas com muita vontade de viver intensamente cada dia.
Aqui eu pude experimentar todas as emoções que um ser humano pode ter. Fui fiel em muitas coisas, relapso em outras, fiz o meu caminho. O que seria da vida sem o prazer de se aventurar pelo mundo, mas o mundo que falo é o nosso mundo interior, o mundo que temos dentro do coração. É preciso sempre redimensionar as coisas da alma, dar sentido às pequenas coisas, se não nos perdemos.
Saio dessa experiência com três certezas: que é muito bom ser dehoninano; que amo ainda mais a Igreja; e que tenho limites que ainda precisam ser trabalhados.
Descobri o que realmente é pertencer à Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus. Pude tocar o “ser dehoniano” de maneira profunda e bela. Conheci mais sobre Padre Dehon, sua vida, seus sonhos, sua luta e sei que ele é santo. Conheceu Jesus profundamente e sentiu na pele o que é ser obediente, mesmo que isso o fizesse sofrer: Ecce Venio. Padre Dehon amava a Igreja e dedicou-se ao apostolado. Entendo agora o que ele quis dizer quando deixou escrito no testamento para os seus filhos espirituais: “Deixo-vos o mais maravilhoso de todos os tesouros: o Coração de Jesus”. Foi um homem que entrou no Coração de Jesus e viveu todas as alegrias e todas as dores desse Amor. Fiz amizades com confrades de terras distantes, e que para mim são exemplos de dehonianos. Sinto-me hoje mais dehoniano de que quando cheguei. Temos falhas, mas será que temos que colocá-las sempre como base de nossas opiniões, ou podemos construir nossos alicerces calcados nas experiências positivas que vivemos? Eu procuro escolher sempre a segunda opção, e assim deixar os olhos contemplarem as maravilhas das amizades e do mundo.
Conheci de perto a Igreja de Roma. Tive momentos onde o Papa se fazia presente, fui até ele numa visita com os bispos do Maranhão. Conheci o Vaticano, onde foi possível, li alguns documentos, participei de algumas celebrações importantes. Enfim, aproveitei para fazer uma experiência pessoal com a Igreja. Não fazia parte do meu curso, mas se estava aqui, por que não? Posso dizer que retorno a casa amando ainda mais a Igreja. Volto tendo a certeza de que a Igreja na América - Latina pode contribuir com a Igreja Universal. Somos uma Igreja viva, temos muitas pastorais, aprendemos a refletir com o povo, a ouvir e a delegar funções. Somos inseridos nos meios populares e não podemos nunca perder nossa identidade. Sei também que a Igreja na Europa está passando por momentos difíceis, descobri a Igreja na Ásia e fiquei maravilhado com a pureza de coração daquele povo, com a solidariedade e alegria com que levam adiante o Evangelho. Percebi que a Igreja na África é uma grande esperança para todo o mundo e que possui uma liturgia belíssima. Enfim, retorno com uma visão amplificada da nossa Igreja e com a certeza de que devemos nos unir para melhor evangelizar. Aprendi com o Beato João Paulo II, que não devemos ter medo, pelo contrário, devemos escancarar as portas a Cristo.
E com todas essas experiências eu também me descobri como pessoa. Fui estrangeiro e isso me deu a oportunidade de entrar em mim mesmo e olhar para minha vida. Levei um susto. Experimentei a queda e a misericórdia, a segurança e o medo, aprendi a recomeçar quase que diariamente e percebi que mudar algumas coisas em nós demora muito tempo. É preciso caminhar, perseverar e confiar na misericórdia de Deus.
Sabe que agora começa a me dar saudades... Não sei bem de quê, mas é hora de começar a arrumar o coração, colocar os livros na mala, ir despedindo dos lugares. Começo a ter “um anseio de tudo esquecer e voltar”.
É preciso recomeçar sempre, sou feliz com isso. Que Deus me ajude a ser fiel na minha missão.
Guardo comigo os amigos que fiz, as experiências vividas, o frio, o calor e o cheiro da primavera, tão intenso como o do outono. Carrego no coração apenas um agradecimento a Deus por mais essa oportunidade de me conhecer melhor.
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“Agora, aprendi porque o mundo dá voltas, quanto mais a gente se solta, mais fica no mesmo lugar...”.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Onde eu estiver, estejam vocês também


Senhor, queremos conhecer o Caminho. Sabemos que somos peregrinos neste mundo e que nem todas as estradas levam até o seu Coração. Por isso, venha em nosso auxílio e tenha paciência com nós.
A vida muitas vezes se apresenta pesada, difícil demais de ser vivida. Os dias são longos e as noites perigosas. Muitos sofrem, Senhor, muitos perderam a esperança e ficaram caídos pelas margens à espera de ajuda.
Como é possível caminhar assim, sem a tua presença? Mas pensamos que podemos ser nossos próprios guias. Pensamos que somos suficientes e não precisamos de ajuda. Com isso, veja Senhor aonde chegamos, veja Senhor aonde a nossa falta de humildade nos levou. Tende piedade de nós.
Tens razão quando reclamas que estamos tanto tempo convosco e não o conhecemos. Tens razão quando nos pede fé, quando nos pede para estancar o medo e nos recorda que nossa morada já está preparada, à sombra da Cruz, com portas e janelas voltadas para a manhã da ressurreição.
Queremos voltar a sorrir, a sentar nas calçadas e partilhar a vida, queremos voltar a falar de coisas simples, mas que nos enchiam de paixão e nos deixavam unidos. Senhor, para onde caminhamos? Aonde queremos chegar sem o seu amor? Quantas moradas ainda precisamos conhecer antes de entrar na nossa verdadeira casa?
O mundo precisa de ti, mesmo que muitos ainda não saibam. Vem Senhor, vem ser nosso Caminho, vem ser a nossa morada.
Corremos como loucos em busca da verdade, mas não conseguimos encontrá-la. Sabe por que, Senhor? Porque não a buscamos em ti. Não acreditamos que só em ti a Verdade pode se fazer presente em nós.
Assim, vamos vivendo sem realmente conhecer a Vida. Perdemos um tempo precioso buscando repouso sem a tua presença.
Ajude-nos, Senhor, a crermos no seu amor. Ajude-nos a carregar a nossa cruz cotidiana, para que no final, quando as forças já não puderem sustentar o corpo, e os pensamentos ficarem lentos, termos a certeza de que nossa morada já está pronta. Porta aberta, flores no jardim, frutas no quintal e na mesa dois lugares arrumados, para que durante a refeição nossos olhares se cruzem e assim sentir dentro do coração as tuas palavras: não tenhas medo, Eu estou contigo.
Amém.

5º Domingo da Páscoa
(João 14,1-12)

terça-feira, 24 de maio de 2011

Como será o Paraíso?



Uma vez, há quase vinte e cinco anos, um amigo me perguntou num tom jocoso: Pra você como será o céu? Com carneirinhos e nuvens brancas?
Lembro-me bem que minha primeira reação foi ficar ofendido com aquela pergunta. Ele me conhecia bem, pensava eu, sabia no que acreditava, dividíamos os mesmos ideais, trabalhávamos na mesma pastoral e sonhávamos juntos.
Mas pensei um pouco, tentei imaginar qual era a imagem que ele tinha de mim e da minha fé, falei que estava ofendido e não pensei muito sobre as coisas do paraíso, afinal, acreditávamos que o céu começava aqui na terra, com distribuição de rendas, com justiça social, com paz e trabalho para todos. Segui minha vida. É muito bom saber que vivemos momentos intensos, verdadeiros e eternos.
Tenho na mente registros profundos de momentos especiais: noites de lua cheia, canções cantadas com o coração, amigos que nunca mais vi, pessoas que foram fundamentais em alguma etapa da minha vida e que agora não tenho mais notícias, amigos que terminaram sua missão e voltaram para Deus, livros lidos, histórias contadas, risadas, lagrimas, horas viajando pelas estradas, cidades, encontros, celebrações. São quase vinte e cinco anos de vida bem vivida, com direito a todos os erros que um jovem pode cometer e também todos os acertos que consegue realizar.
Eu sinto que a vida é um imenso caminho aonde vamos encontrando as pessoas e realizando as experiências, sem deixar de ser aquele que era antes mas com a sensação de que mudou muito. Sei que é difícil de definir o que realmente somos, mas acredito que realizamos em nossa vida os sonhos que temos para o mundo. Se acreditarmos que um mundo melhor é possível, isso refletirá no nosso cotidiano, irá definindo que tipo de pessoas vamos encontrar ao longo dos dias e vai imprimindo uma marca em nosso caráter.
Eu escolhi o caminho do cristianismo. Sempre pensei que esse era o melhor caminho para mim, de viver intensamente a vida tendo Cristo como base. Trilhei o caminho da fé, sem saber aonde iria me levar, e ainda não sei, mas fui descobrindo que ser cristão é ser extremamente humano. Fiquei encantado quando na teologia descobri Jesus Cristo. Descobri que o Verbo realmente armou sua tenda entre nós e nos mostrou que é possível ser bom. Encantou-me os documentos da Igreja, as diversas pastorais e os tantos caminhos para se chegar ao mesmo objetivo.
Conheci tantas realidades, deparei-me com tantas dificuldades, tantas dores e sofrimentos, até descobrir que eu também era limitado e cheio de defeitos. Sou a soma de tudo o que vivi ao longo dos anos, mas sei que determinei muitas coisas para mim mesmo. Sou o mesmo moleque tímido de ontem, apesar do homem descontraído de hoje. Tenho ainda muitos medos... Mas, penso que é prudente não ser tão seguro de si, nos faz mais humildes e nos livra de pensar que não precisamos da ajuda de Deus. Eu preciso rezar, preciso silenciar, preciso dos sacramentos, preciso me atualizar sempre, eu preciso.
Eu gosto do que faço. Amo meu sacerdócio e tenho vergonha das minhas incoerências. Gosto dos santos e sou devoto de Nossa Senhora Aparecida, sempre que dá eu passo na sua casa para uma visita.
Eu descobri que o mundo é menor do que eu pensava, mas muito mais complexo do que imaginava. Descobri que a minha visão de Igreja não é a mesma do meu amigo polaco, nem a mesma do meu amigo venezuelano, nem a mesma do meu amigo filipino, nem a mesma do meu amigo brasileiro. Mas estamos unidos, porque a Igreja é a mesma e Jesus é a nossa referência. Descobri que o importante não é ficarmos brigando pela verdade, mas buscarmos juntos a Verdade, afinal estamos juntos no Caminho, e queremos todos a mesma Vida.
Hoje, eu conheci essa canção: “So che sei qui”. E me veio na mente a mesmas pergunta de tantos anos atrás: O que é o céu?
Eu descobri, depois de todos esses anos, que eu não sei tudo sobre o Paraíso, não sei tudo sobre o mundo. Preciso escutar mais, viver mais a minha consagração. Só assim poderei descobrir aquilo que sempre quis saber sobre as coisas do céu. Sei que em muitos momentos da minha vida eu senti o céu perto de mim. Senti que é possível viver o Paraíso aqui na terra, mas é preciso saber quem é Jesus Cristo, amá-lo, segui-lo. Só assim saberemos o que é o Paraíso e o que é a vida. Só assim seremos um Nele, e Ele em nós.
Quanto aos carneirinhos e nuvens brancas, descobrirei quando chegar lá... depois eu te conto.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Reflexões do Pe. Zezinho,scj

(Não podemos nunca esquecer que nossa motivação fundamental, como cristãos, deve ser sempre Jesus Cristo e o seu evangelho. Esse texto do Pe. Zezinho,scj, nos faz refletir sobre nosso papel como evangelizadores. Boa reflexão a todos!)


A ERA DAS PEQUENAS EMINËNCIAS

"Excelente é mais do que bom. Alguém é excelente quando sua atividade, seus talentos e suas qualidades estão acima da média. Na Igreja Católica dá-se o título de “Excelência” aos bispos. “Eminência” é título dado a dignitários eclesiásticos que se distinguiram em alguma liderança e foram nomeados cardeais. São estes irmãos chamados cardeais que, por exemplo, elegem o Papa. Eles sabem do seu limite e das exigências da Igreja. A quem mais se confiou deste exige-se mais!...
Nos últimos 30 anos no Brasil, com o crescer da mídia tenho observado outro tipo de eminências. São até excelentes e acima do comum no que fazem, e certamente mereceriam reverências e vênias, porque, por seu trabalho na mídia estenderam o púlpito da Igreja. Só por isso já mereceriam aplausos. Quem atua na mídia sabe que não é simples nem fácil manter uma emissora de rádio ou de televisão e atuar nela todos os dias. Quem não atingiu a fama, tendo ou não procurado este destaque, não tem idéia dos meandros e das curvas e ciladas de um microfone, uma câmera ou um palco. E as piores ciladas começam dentro do pregador que acha que é o que não é, e que insiste em chamar os holofotes para a sua pessoa. E pobre de quem ousar fraternalmente chamá-lo às falas ou negar-lhe o espaço que ele acha que pode e merece ocupar... Nem cardeais escolhidos pelo Papa são tão ciosos de seu papel de eminência...
Refiro-me a pelo menos dez entrevistas de teólogos, cantores e padres famosos que nessas últimas décadas foram à grande mídia não católica ou até anti-católica, lavar a roupa suja de seus conflitos contra seu bispos, contra o papa, contra outras pastorais e contra outros padres. Não se contentaram com os foros que há na Igreja para resolver tais diferenças. Deram entrevistas em páginas amarelas de revistas de grande alcance, em programas de grande repercussão na televisão para justificar suas escolhas, seu casamento, sua rebeldia e seu jeito de ser famosos.
Quem leu a revista “Veja” de 17 de abril de 2011 teve ali um triste exemplo de imaturidade e do que significa sentir-se mais eminente do que se é. É o tipo de entrevistas que deveria ser lida e analisada em todos os seminários e movimentos católicos para os futuros pregadores aprenderem como não ser nem fazer quando tiverem nas mãos um microfone. Chega a ser patética...
O ainda jovem, mas ultra-famoso sacerdote que vendeu milhões de discos e livros, vai a público e confessa sua mágoa e indignação, passados quatro anos, contra a diocese e alguns líderes da mesma que, segundo ele, o humilharam e boicotaram, não lhe permitindo o destaque que ele achou que merecia quando o Papa esteve entre nós no Brasil.
Foram palavras dele na entrevista até agora não desautorizada por ele. Culpa aqueles líderes por sua quase depressão, porque negaram-lhe a realização do sonho de estar diante do Papa. Acabaram escolhendo outro e relegando-o a uma atuação secundária, ao amanhecer, em lugar onde havia poucas pessoas. Acusou-os de dor de cotovelo. Por que outros e não ele que fez tanto pela Igreja?...
Mesmo depois de, mais tarde, haver recebido em Roma um prêmio de excelente evangelizador não se aplacou. Pela segunda vez diante da grande mídia, ainda magoado disse que interpretava aquele prêmio como “um cala boca” à diocese que não lhe dera o devido destaque na vinda do Papa quatro anos antes, ao Brasil. Em dado momento reclama que dos padres do Brasil apenas um ligou para cumprimentá-lo pelo prêmio. E dá a entender que não precisa do apoio deles... E declara que ainda espera uma manifestação da CNBB por sua conquista... Psicólogos dariam um nome para esse tipo de atitude...
Tudo, dito com realces de que é humilde, não é arrogante, é padre e usa batina; e com ataques pesados aos padres que não usam batina, deixando claro que a batina protege o padre contra o assédio das mulheres... Chega ao ponto de dizer que a batina é a “maior identidade sacerdotal”. Ora, padres e leigos sabem muito bem que o hábito não faz o monge. Confunde uniforme com identidade e identificação com identidade... Vão por aí as diatribes e o desfile de suas mágoas contra o boicote sofrido...
Mas ele não é o único. Há ex-religiosos famosos que falam contra as ordens e congregações que pagaram seus estudos, dizendo que lá não podiam exercer a caridade nem cuidar de sua família... Outros chamaram a gravadora católica onde começaram de incompetente ou de gravadora de fundo de quintal... E houve quem não hesitou em dizer que no Vaticano foi tratado com truculência. Como ninguém esteve lá para ver, fica a palavra dele contra o Vaticano que não costuma dar esse tipo de entrevistas-resposta aos padres insatisfeitos que atacam suas doutrinas ou disciplinas. Não satisfeitos em discordar, semeiam discórdia!
O fato triste e digno de um debate é que pregadores estão indo à mídia lá fora, lavar a roupa suja de seus conflitos com as autoridades de sua igreja. Não são poucos os que deixam as comunidades religiosas que os formaram para trabalhar como gostam e no que gostam, numa outra diocese. E vão sem a menor culpa. E há os que mudam de diocese, para estar diante de microfones e câmeras, ou para tocar adiante seu projeto pessoal que acham mais importante para a Igreja do que os projetos do grupo religioso onde pronunciaram seu voto de obediência...
Diante das exigências de seu grupo que agora, depois da oportunidade ser eminentes lhes parecem absurdas, simplesmente saem em busca de um púlpito mais aberto às suas aspirações. Talvez estejam certos, talvez não! Mas a ingratidão com que se portam, mostra que escolheram a si mesmos e o seu projeto. Não há retribuição...
O que deve ser objeto de reflexão é a franca disposição de pressionar o bispo, a diocese ou a ordem a reconhecer os seus talentos. Valem-se de todos os meios, inclusive a estratégia de expor para o país inteiro seu conflito pessoal com as dioceses onde atuam. O bispo, que não é tão famoso, acaba em situação delicada. Não pode falar o que sabe e não pode expor ainda mais o pregador que já se expôs além da conta! O padre queixoso aparece como vítima que até cai em depressão, porque a diocese não reconheceu a sua liderança...
Está tudo claro e sem rodeios nas entrevistas tipo lavanderia! Na era das eminências que mais do que auto-estima vivem um clima de altíssima estima de si mesmos, um pouco de ascese não faria mal aos futuros comunicadores da fé. Se não forem reconhecidos, com o sem batina o colarinho, mostrem que realmente têm fé e seguem os evangelhos. Perdoem e recolham-se à sua significância que nunca será insignificância, mas que também não pode ser supra-relevância.
Ficar deprimido porque não foi valorizado na vinda do Papa? Um pregador da fé? Não teria sido muito mais cristão manter a boca fechada, solicitar audiência, ir ao líder da diocese e ali derramar suas mágoas? Tinha que ir às páginas amarelas de uma revista que sabidamente não prima em elogiar a Igreja que o ordenou pregador?... Francamente! Institua-se urgentemente nos seminários desde o primeiro ano um curso de Prática e Crítica de Comunicação. É que algumas atuações têm andado abaixo da crítica!..."



extraido do site http://www.padrezezinhoscj.com/novosite/palavra.php?id=176

domingo, 15 de maio de 2011

Eu sou a Porta

Senhor, faça sempre que eu reconheça a sua voz. Mostre-me a estrada que leve ao seu coração, muitas vezes desprezado e incompreendido, mas que nunca deixa de acolher aqueles que lhe pedem descanso. Que meus ouvidos estejam sempre atentos e sensíveis ao teu chamado, e que meus pés estejam sempre prontos para caminhar ao lado teu. Enquanto estou aqui, não me deixe só, mesmo que eu vá para outros caminhos, acompanha-me. Mesmo que os rumores do mundo confundam as minhas escolhas e me levem ao erro e ao desespero, Senhor, fique comigo. Sou fraco e cheio de defeitos. Busco sempre a sua voz, mas nem sempre estou atento. Confundo-me, Senhor, e tantas vezes me encontro perdido no barulho que me cerca, nas vozes que trago no coração, nas canções que não quero ouvir, nos poemas que não quero ler. Muitas vezes, encontro-me diante de portas que não me darão o alimento que procuro, diante de pensamentos que não me ajudarão nas escolhas diárias que preciso fazer, diante de atitudes que me levam para longe das promessas que fiz. Dai-me sabedoria e paciência para sempre ouvir o que me tens a dizer. Dai-me coragem e saúde para levar adiante minha missão. Dai-me humildade e honestidade para não querer ser uma porta e muito menos um caminho, mas sempre mostrar às pessoas a verdadeira Porta e o verdadeiro Caminho. Que eu O reconheça sempre como meu Pastor, e que minha estrada me porte sempre para perto de Ti. Amém.
4º Domingo da Páscoa (João 10, 1-10) Naquele tempo, disse Jesus: “Em verdade, em verdade vos digo, quem não entra no redil das ovelhas pela porta, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante. Quem entra pela porta é o pastor das ovelhas. A esse o porteiro abre, e as ovelhas escutam a sua voz; ele chama as ovelhas pelo nome e as conduz para fora. E, depois de fazer sair todas as que são suas, caminha à sua frente, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. Mas não seguem um estranho, antes fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos”. Jesus contou-lhes esta parábola, mas eles não entenderam o que ele queria dizer. Então Jesus continuou: “Em verdade, em verdade vos digo, eu sou a porta das ovelhas. Todos aqueles que vieram antes de mim são ladrões e assaltantes, mas as ovelhas não os escutaram. Eu sou a porta. Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem. O ladrão só vem para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”.

4º Domingo da Páscoa
(João 10, 1-10)

terça-feira, 10 de maio de 2011

Arcebispo de São Luís (MA), é o novo vice-presidente da CNBB

O Arcebispo de São Luís (MA), Dom José Belisário da Silva é o novo vice-presidente da CNBB. Ele foi eleito na manhã desta terça-feira, no segundo escrutínio, com 215 votos, durante a 49ª Assembleia da CNBB, que acontece em Aparecida (SP), desde quarta-feira, 4. Dom Belisário presidiu a Comirssão que elaborou as novas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE), aprovadas ontem pela Assembleia. Biografia no novo vice-presidente Dom Belisário nasceu em 1945, em Carmópolis (MG). Foi ordenado padre em 1969 e bispo (2000) em sua terra natal. Estudou Filosofia no Convento São Boaventura, em Dalto Filho (RS) e Teologia, no Instituto Central de Filosofia e Teologia da Universidade Católica de Minas Gerais. Foi vigário Paroquial, Reitor do Seminário Santo Antônio de Santo Dumont (MG), Definidor e Ecônomo Provincial, Professor de disciplinas em nível de 2º grau, professor de Psicologia Educacional em nível de 3º grau, Formador e Mestre de frades de profissão temporária. Antes de ser nomeado arcebispo de São Luiz, dom Belizário foi bispo de Bacabal (MA) de 2000 a 2005. Seu lema episcopal é: “Invisibilem Tamquam Videns” (Como se visse o invisível)
Em outubro do ano passado, Dom Belisário esteve em Roma, com os bispos do Maranhão, para visita ad limina. Para mim foi uma bela experiência acompanhá-los durante a visita. Para saber um pouco mais sobre a eleição, a Rádio Vaticano fez uma entrevista com Dom Belisário... http://www.radiovaticana.org/bra/Articolo.asp?c=486077 Rezemos pela CNBB e por toda a nossa Igreja.

sábado, 7 de maio de 2011

Coragem e sonho: Meus companheiros de caminhada

Há quase um ano eu estava chegando na Itália. Lembro-me bem da preparação para a viagem de estudos e da emoção da chegada. Agora, onze meses depois, estou no mirante de nossa casa vendo o sol se despedir de mais um dia. Diante de mim toda Roma, e, ao fundo, a imponente cúpula de São Pedro. É como se essa paisagem fizesse parte de mim. Já estou aqui na Cidade Eterna tempo suficiente para sentir-me incorporado a essa atmosfera cosmopolita, dessa cidade tão ligada ao cristianismo e ao mesmo tempo com tantos traços pagãos que saltam aos olhos. Mas somos assim. Somos feitos de sangue, dores, mortes, solidão, mas que se mesclam na alma com a alegria, a vida, esperança, bondade, amor. Somos tudo isso que Roma oferece, basta escolher, fazer o caminho, optar. Penso nas minhas escolhas, nos caminhos percorridos, nos tempos perdidos e encontrados. Será que eu soube aproveitar as oportunidades? Será que fui digno de tudo que me foi oferecido? Será que soube aproveitar o que estava além dos meus olhos e que poderiam preencher o espírito? Ouço o som das ruas que chegam até aqui e num rápido olhar em torno a mim, consigo enxergar árvores, prédios, pássaros, céu azul, montanhas e um guindaste que se move, indicando que a eternidade se faz com obras. O novo precisa de espaço para continuar a história. Eu também preciso abrir um canteiro de obras em mim, preciso me preparar para o novo. Construir uma vida precisa acima de tudo de coragem. É um desafio viver cada dia. Como é interessante observar nossos progressos e descobrir que guardamos muito do que fomos, mas, sem dúvidas, não somos os mesmos. Eu não sou o mesmo de onze anos atrás, mudei muito, melhorei muito, mas também, não posso mentir para mim mesmo, acentuei alguns vícios, criei outros, descobri meus limites e, muitas vezes, tenho raiva de não ser aquilo que quero ser. A pouco tempo completei onze anos que iniciei o meu caminho. Onze anos de saudades e desafios, de sonhos e graças, de lágrimas e sorrisos . Ainda guardo na memória cada detalhe dessa minha escolha, o frio na barriga ainda existe, ainda sinto as pernas bambas do primeiro telefonema, sinto nas mãos a primeira correspondência, onde li e reli quase à loucura tudo o que me mandaram, tenho nos lábios o anuncio da partida, fecho os olhos e a chuva daquela madrugada volta a cair, sinto o cheiro do meu primeiro quarto fora do lar. Quando será que esse acontecimento deixará de me emocionar. Quantas lágrimas ainda precisarei derramar para dizer a mim mesmo que valeu a pena, que não preciso carregar culpas, que está tudo bem e que aquela coragem acontece uma vez na vida e eu soube aproveitá-la, sim, soube aproveitá-la. Coragem... Coragem... Fé... Essa coragem que tive nem sempre me acompanhou durante esse tempo todo. Muitas vezes me deixou só. Eu me humilhava, pedia, implorava para que ficasse sempre comigo, mas ela não ficava. Quanto medo. Mas posso dizer que recebi muito mais do que dei. Que o tempo de encantamento superava o tempo de escuridão. Posso dizer ainda que sempre carreguei comigo o sonho de um mundo melhor. Esse não me abandonou nunca. Ah, esse sim foi meu companheiro de caminho, esteve ao meu lado nas noites frias e me sustentava, fazia-me despertar e me derrubava da cama, abria a janela e, mesmo com chuva, dizia: “olha que belo dia. Olha que sol lindo por destras das nuvens. Olha quantas coisas boas você pode fazer hoje...”. E eu acreditava em cada palavra e sonhava, sonhava. É bom ter coragem, nos fortalece na hora das decisões fortes da vida. Mas melhor ainda é ter sonhos. Melhor ainda é sonhar. Posso dizer que não foi a coragem que me trouxe aqui para esse mirante, não foi a coragem que me colocou diante da Cidade Eterna, não foi a coragem que me proporcionou tantos momentos especiais. Se estou aqui, é porque sonhei. E o sonho não me abandou nunca. O sonho me ajuda a entender o que Deus quer de mim. Ajuda-me a reler a minha história, a fazer projetos. Sonhar é deixar-se abandonar nos braços de Deus e dormir como um menino. .........
Outro dia eu comprei minha passagem de volta ao Brasil. Estava comigo o Vagner, sempre pronto e disponível, mas a coragem não entrou naquela sala, eu insisti para que ela ficasse comigo, mas me deixou mais uma vez. No entanto o sonho veio sem ao menos ser convidado. Ficou comigo, acalmou meu coração, encheu meu olhos de esperança e me disse: “você não está só. Tens ainda muita coisa para fazer”. E eu, mais uma vez acreditei. Desculpe-me Martin Luther king, mas eu também tenho um sonho... Sonhemos juntos!

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Ressoar...

A semana já está quase terminando. Quinta-Feira, fim de tarde, clima ameno, sem saber se faz frio ou calor, depende do nosso humor e da disposição de fazer alguma coisa. Ainda ressoam pelos quatro cantos de Roma as emoções vividas por tantos peregrinos de todo o mundo. Ainda escutamos ressoando pelos ares: “Aprite le porte a Cristo. Non abbiate paura!” Eu, que estou quase terminado meu curso na Universidade Salesiana, tenho a oportunidade de conversar com religiosos de diversas congregações, e sentir a sensibilidade de cada um com esse momento. São todos formadores ou formadoras de seminários e casas religiosas, e precisam estar atentos aos acontecimentos do mundo. Atentos à Igreja e à sociedade, cada vez mais plural. Posso dizer que se vê esperança, apesar de tudo. Também continua ressoando, e de maneira especial pelas ondas da Rádio Vaticano, o primeiro encontro com blogueiros e a Santa Sé.
Tive a oportunidade de dar uma pequena entrevista à jornalista Mariângela Jaguraba. Não foi a primeira vez que fizemos um trabalho juntos. Já transmitimos duas missas, direto da Basílica de São Pedro, já falei uma vez sobre o Maranhão, onde trabalhei por quase três anos e em breve retornarei, e agora, falei sobre a minha participação no encontro de blogueiros. Muito antes de entrar no seminário, eu fiz Comunicação Social, em Votuporanga, interior de São Paulo. Era da primeira turma daquele curso e me fez muito bem participar daquela experiência. Já pensava, naquele tempo, que a Comunicação era importante para a evangelização. Só não pensava que13 anos depois, estaria aqui comunicando pelo blog, e com tantas possibilidades de continuar comunicando. “Fazei ressoar”, já cantávamos nos encontros de jovens daquela época... É a nossa missão fazemos ressoar sempre, em todo o lugar, a mensagem do Deus da Vida. (para acessar a entrevista na Rádio Vaticano: http://www.radiovaticana.org/bra/Articolo.asp?c=483984)

terça-feira, 3 de maio de 2011

Blogueiro 119 – O encontro de blogueiros com a Santa Sé

Às 3h00 da tarde eu estava enfrente ao Palazzo Pio X, vizinho da via da Conciliação, que ainda estava cheia de pessoas que viviam os últimos momentos da beatificação. Pensei que tinha chegado muito cedo, pois o encontro só iria começar às 3h30, mas, para minha surpresa, a sala já estava quase cheia. Penso que a ansiedade de todos os 150 blogueiros convidados, já dava àquele encontro um caráter histórico. Foi o primeiro encontro de blogueiros promovido pela Santa Sé. Há alguns meses, quando li sobre esse encontro, resolvi inscrever o meu blog e, junto, o blog Bocca de Roma, que por algum tempo estou gerenciando. Mas confesso que não imaginava que seria escolhido, primeiro porque fiquei sabendo que eram quase mil inscrições, e depois, eu sei que este blog é muito pequeno diante de tantos blogs profissionais. Além disso, seria só 150 escolhidos. Mas, como disse o Papa João Paulo II, “non abbiate paura!”. Bom, chegou o Domingo de Ramos, viajei para o norte da Itália, para Capiago, e estava no retiro quando recebi uma ligação do padre Anísio, dando-me a notícia: “Parabéns, o seu blog foi escolhido!”. Logo depois veio a ligação do Padre Mário e, mais tarde, do padre Vagner. Era verdade, eu era o blogueiro 119. O encontro foi muito bom. Estavam presentes os responsáveis dos Pontifícios Conselhos da Cultura e das Comunicações Sociais. Logo no início já ficamos sabendo que este encontro não tinha grandes pretensões, não queria ser um seminário, não queria falar sobre como fazer um blog e muito menos as características de um blogueiro católico, mas o objetivo principal era promover um diálogo entre blogs e a Igreja. A Igreja estava pronta para escutar. Na abertura, o presidente do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais, Dom Claudio Maria Celli, falou com muito entusiasmo sobre os “atuantes da blogosfera”, disse: "Esta iniciativa deseja ser uma tomada de consciência oficial da existência e da importância na vida de hoje da blogosfera. Como vocês podem ver não se trata de um congresso, mas de um encontro de algumas horas. Depois desse encontro acontecerá algo mais importante? Não sei, mas uma coisa é certa: estamos aqui porque queremos algo mais amplo e aprofundar o conhecimento entre nós. Estamos aqui para dialogar, um diálogo que, de nossa parte significa convicção da forte presença de vocês no mundo da comunicação e a manifestação do nosso desejo de estabelecer uma relação familiar com vocês" .
Tivemos duas mesas de debates, a primeira com blogueiros de várias partes do mundo, falando sobre a importância do blog na sociedade atual, as mudanças no mundo da comunicação virtual, e as diversas experiências, pois cada blog tem a sensibilidade do seu dono. Na segunda apresentação, a mesa foi composta por pessoas ligadas à Santa Sé, e que de alguma forma trabalham na grande rede de comunicação do Vaticano. Entre esses debatedores estava o Padre Frederico Lombardi, diretor da Rádio e TV Vaticana, e também da Sala de Imprensa Vaticana. Ele disse que o mundo virtual, dentro de todas as suas possibilidades, é muito importante para Igreja. O blog faz o papel de desenvolver uma opinião pública. É formando opinião entre os fiéis que ajuda a formar o pensamento da Igreja. O blogueiro faz parte de uma comunidade que não tem limites e o grande desafio é trabalhar essa universalidade.
Encontrei entre os 150 blogueiros, três brasileiros, jovens e apaixonados pela internet. Tahisson e João, de Brasília, e Wagner Moura, de São Luís do Maranhão, mas estuda em Florianópolis.Contaram-me da aventura de chegar até Roma, dos trabalhos com o blog e do interesse em ajudar a Igreja na divulgação das Verdades da Fé. È muito bom ver jovens interessados nas coisas do alto, mas com os pés bem no chão para fazer o caminho segundo os tempos de hoje. Bom, uma coisa que gostei muito foi ouvir que fazer um blog é como escrever um romance. Uma história que se vai escrevendo aos poucos, mas recheadas de fatos do cotidiano, de pequenos acontecimentos. Quer algo mais bonito que isso, ver o ser humano se comunicando de maneira mais profunda e sincera? Quando comecei este blog, foi justamente nisso que pensei. Escrever a minha visão sobre o cotidiano. Descobri que estou no caminho certo. Descobri ainda que sou agora o “Blogueiro 119”. A vida é muito interessante....

Ação de Graças...

Encerrei o meu tríduo pela beatificação do Papa João Paulo II. Começou na noite fria de sábado, com a Vigília, no Circo Massimo, continuou na manhã de sol do domingo, na Praça de São Pedro, e terminou hoje, com a missa de ação de graças, onde sob um vento agradável uma multidão compareceu na Praça de São Pedro para louvar e agradecer a Deus por mais um beato. Eu fui cedinho para a Rádio Vaticano. Encontrei a Mariângela já pronta na frente do prédio e fomos para a Basílica de São Pedro, com entrada por dentro do Vaticano, passando por grandes salas pintadas no século XV, guarda suíça e vários seguranças.
Chegamos ao estúdio que fica bem encima da entrada da Basílica, mas antes fizemos uma pequena parada no balcão que dá enfrente a praça, que ainda está com rosas amarelas e brancas e o painel com a foto do Papa Beato e, do lado interno tivemos uma visão de dentro da Basílica, onde a esquife do Papa João Paulo II estava exposta para veneração. Que coisa... eu e Mariângela ficamos emocionados de estar ali, bem no centro de toda essa festa. Começa a missa, o monsenhor Marco Frisina rege o coro e a orquestra, e uma imensa fila de cardeais, bispos e padres dá a composição desse momento. O cardeal Tarcisio Bertone, Secretário de Estado do Vaticano, preside a missa.
Foram mais de duas horas de ação de graças, onde a todo o momento eram lembrados os peregrinos do mundo inteiro que participaram tanto em aqui em Roma, como pelos meios de comunicação em todo o mundo. Ao terminar a missa saímos pela porta Sant’ana, e vimos de perto todas aquelas pessoas que estavam na missa e agora deixavam a praça. Eu vi corais cantado pelas ruas, pessoas sentadas nas calçadas fazendo piquenique, crianças brincando, idosos em cadeiras de rodas e jovens de todas as nações que se despediam de Roma, pensando talvez, em voltar daqui alguns anos para a canonização. Quem sabe? Para Deus tudo é possível.
Fui para casa, almocei correndo, peguei o computador, água, máquina fotográfica, documentos e voltei para a avenida da Conciliação, para meu encontro com os 150 blogueiros. A segunda-feira estava só começando....

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Hoje, Radio Vaticano e encontro de blogueiros com a Santa Sé. (reflexões desta manhã de segunda-feira)

Ah, como é bom iniciar o dia depois de um fim-de-semana intenso. Ainda com as emoções da beatificação do Papa João Paulo II, vividas nesses dias, hoje acordei bem cedo, concelebrei a missa, tomei café, despedi-me dos meus confrades que foram para a Universidade Salesiana e fiquei em casa. Não vou à escola hoje. Daqui a pouco saio para a Rádio Vaticano, onde vou ajudar na transmissão da missa de Ação de Graças, que será realizada na Praça de São Pedro. É um momento especial para mim, concluirei assim o meu tríduo da beatificação, Vigília do sábado, beatificação de ontem e a missa de hoje, onde participarei nos estúdios da rádio, dentro da Basílica de São Pedro. Será a segunda vez que farei esse trabalho com a jornalista Mariangela, uma mineira de Juiz de Fora, simpática e sorridente, que trabalha na Rádio Vaticano por muitos anos, levando noticias da Igreja para todo o Brasil.
Mas meu dia não termina aqui. Uma das surpresas da semana santa foi ter recebido a notícia de que este blog e o blog Bocca di Roma, que no momento também estou responsável, foram escolhidos para o primeiro encontro de blogueiros do mundo todo, promovido pelo Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, um órgão do Vaticano. Recebi primeiramente a notícia do padre Anísio, logo em seguida do padre Mário, depois do padre Vagner. Eu estava em Capiago, fazendo meu retiro e aos poucos minha Páscoa foi se concretizando. Fiquei muito feliz. Serão apenas 150 convidados, e, pelo que fiquei sabendo, 06 representarão o Brasil. Geraldo Vandré já cantava: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Por que na vida perdemos tanto tempo esperando? Ainda ressoa nos meus ouvidos a frase: “Non abbiate paura!” Depois eu conto como foram esses momentos. Agora, é hora é vivê-los.

domingo, 1 de maio de 2011

Páscoa, Domingo da Misericórdia, Beato João Paulo II e Andrea Bocelli. É bom olhar para vida com os olhos do coração

A praça de São Pedro estava cheia de gente, li depois que a multidão chegava às margens do rio Tévere... impressionante o poder de reunir pessoas que tem o Beato João Paulo II. Na sua primeria homilia, na praça de São Pedro, o Papa Beato, disse: “Non abbiate paura! Aprite, ansi, spalancate le porte a Cristo!”. Talvez seja por isso, quando se escancara as porta a Cristo, as pessoas entram. Sim, não tenhamos dúvidas. Muitas vezes ficamos envolvidos numa atmosfera negativa do passado, parados nos limites humanos ou, pior, presos dentro de nossas próprias ideologias de um mundo melhor e acabamos achando que o mundo melhor é aquele que pensamos para nós. Mas Jesus já nos mostrou o caminho para um mundo novo, Ele mesmo é a Boa-Nova, basta apresentá-Lo e as pessoas O reconhecem. Não tenhamos medo, disse o Beato.
Quando entramos na Basílica de São Pedro, era 07h30 da manhã, encontramos o caixão do Papa João Paulo II, preparado para a exposição. Estávamos ali, antes de todos, antes mesmo do Papa Bento XVI, que só iria rezar ali depois da missa de beatificação, e depois seria aberto para a visita de todo o povo. Aproveitei e rezei. Pedi uma graça, agradeci mais essa oportunidade e renovei minha vontade e abrir as portas a Cristo. Começou a missa, rezou-se a oração de beatificação, o povo, que seis anos antes pediam: Santo Subito!, agora aplaudiam e se emocionam com o novo Beato da Igreja. Todos o conheciam muito bem. Era um da família, era de casa, sabia de tantas tristezas do mundo e sofreu no próprio corpo todas essas dores. Sempre temos alguma coisa que não gostamos, principalmente quando temos a solução para os problemas do mundo e parece que só nós sabemos como resolvê-los, mas falar que esse homem não merece ser chamado beato, já é um pouco de exagero. Basta encontrar as pessoas que passaram a noite toda na praça, noite fria, mas os corações estavam aquecidos. Basta ver o número de pessoas nas cadeiras de rodas, doentes, sofridas. Eu mesmo encontrei um brasileiro de Belo Horizonte, que veio sozinho, com pouco dinheiro, para vivenciar esse momento e testemunhar que o João de Deus é santo. Ele me disse: “como eu poderia deixar de vir, e olha que passei a noite toda aqui na praça. Estou feliz”. O que me impressionou foi ver também o número de jovens, tanto na Vigília como na Missa, e todas as vezes que tocavam na Jornada Mundial da Juventude, iniciativa do Beato, todos gritavam e aplaudiam, cantavam e dançavam. Ele escancarou as porta a Cristo. Ajudei na distribuição da comunhão e logo depois terminou a missa. Passei mais uma vez pelo local onde estava o corpo do Papa Beato, saí rapidinho, pois o sucessor, o Bento XVI, estava chegando para sua oração, e com isso deixei a Basílica.
Só não esperava mais uma boa surpresa naquela manhã. Encontrar Andrea Bocelli, que também estava participando da missa. Não resisti. Falei com ele, disse que era um padre brasileiro, que gostava muito das canções que ele canta e pedi para tirar uma foto. Obrigado Beato, pois ao deixar o medo de lado e passar pela porta que você abriu, encontramos o Cristo e, com Ele, tantas pessoas que também fazem deste mundo um mundo melhor. Pessoas que não tem o olhar só voltado para as coisas negativas, mas dão uma resposta positiva para a vida. É possível acreditar num mundo novo. É possível...

Non abbiate paura! (memórias de uma vigília)

Saímos de casa às cinco horas da tarde. Parecia um fim de tarde tranqüilo, com uma temperatura agradável, apesar da garoa fina que insistia em cair sobre Roma. Pegamos um ônibus na avenida Gregorio VII e seguimos rumo à estação Cornélia, do metrô. Bom, até aí tudo bem, comigo estava Angel e, como sempre, Janusz e Dondon. Estávamos indo para o Circo Massimo, onde aconteceria a grande Vigília pela Beatificação do Papa João Paulo II. Na mochila levamos os nossos bilhetes para entrar em um posto mais perto do palco, água e algumas frutas, pois sabíamos que o retorno seria demorado e a noite estava só começando. Chegando ao local, logo na saída do metrô, percebemos a dimensão daquele evento. Era uma verdadeira multidão vinda de todos os cantos da cidade e, apesar dos esbarrões, tudo estava tranqüilo e se sentia o clima de alegria estampada no rosto das pessoas. Demos a volta em todo o Circo, que é um imenso campo usado pelos romanos antigos para corridas de cavalos e alguns espetáculos de cristãos e leões, que todos nós já ouvimos falar alguma coisa a respeito. Mas, nesta noite, ele se transformou numa imensa área reservada à oração de agradecimento a Deus pela vida do Papa polonês, que amanhã será elevado à condição de Beato, porque soube viver a sua vida com coerência e com sinceridade de coração. Confesso que não sabia onde nós iríamos ficar mas me agradava aquele clima de confraternização universal que aquela noite prometia testemunhar. Depois de algum tempo entramos por detrás do palco e, para meu espanto, nosso lugar estava reservado na primeira fila.
Meu Deus, não podia acreditar. Um evento tão especial como esse e eu ali, com a orquestra e o coral na minha frente, como se estivem se apresentando só para mim. Eu, emocionado que estava, quis me unir a todas as pessoas que também estavam ali para esse momento de fé. Procurei deixar meu coração aberto para esse momento. A Vigília foi calma, bela e profunda. Tudo ia acontecendo de maneira suave: cantos, testemunhos, histórias do Papa Wojtyla, sua voz, imagens marcantes, velas acessas, oração do rosário em conexão com cinco santuários espalhados pelo mundo... e, conforme a noite ia caminhando, o frio também resolveu aparecer e tudo ficou ainda mais inesquecível. Terminamos a Vigília voltando para casa com a alma leve; fizemos metade do caminho de metrô e a outra metade a pé, pois a cidade já estava vivendo o clima da Noite Branca, quase ninguém dormia, algumas Igrejas não fechariam as portas para receber os peregrinos, mas eu precisava descansar. Daqui a pouco partirei mais uma vez para a Praça de São Pedro. Papa João Paulo II, o João de Deus, será proclamado beato. Quantas coisas acontecem na nossa vida que não entendemos bem, mas como é bom deixar Deus ir escrevendo a nossa história. Senhor, que eu seja sempre livre diante da tua vontade, sempre livre para dizer sim. Ajude-me a não ter medo.