Neste fim de semana, Roma foi invadida por uma luz diferente que conseguiu iluminar muitos corações, principalmente dos jovens.
Eu, que já não me enquadro mais nesta categoria etária, também tive o meu coração iluminado por uma Clara Luz, que fez passar pela minha cabeça toda a minha história de trabalho, sonho e esperança com os jovens.
Era sábado, quase nove da noite, a Praça de São Pedro estava com uma movimentação fora do comum para aquele horário, afinal os turistas que ao longo do dia haviam rezado na Basílica, junto ao túmulo de São Pedro, provavelmente agora estavam tomando um gelato na Fontana di Trevi, ou conversavam sentados na bela escadaria da Piazza di Spagna ou, quem sabe, divertiam-se com os artistas de rua, que sempre dão um show de criatividade, na Piazza Navona, que além de ser uma das praças mais bonitas de Roma, ainda tem uma grande bandeira do Brasil, por causa da embaixada brasileira.
Mas a Praça de São Pedro não costuma ser um lugar movimentado à noite, o Papa precisa de um pouco de silêncio para o seu descanso noturno. Precisa repousar para enfrentar o lavoro do dia seguinte. E Roma oferece outros lugares agradáveis para os turistas visitarem, longe do Papa e de São Pedro.
O que então fazia tanta gente com os passos apressados, vozes alteradas, andando em grupos, com convites nas mãos e um brilho radiante no olhar? O que faziam ali tantos jovens com a alegria espontânea e sincera, querendo participar deste momento único?
Assim, com tantas perguntas na cabeça e com tanta alegria na alma, fui chegando em meio aquela gente. Acompanhava-me alguns confrades, que tenho a certeza, também ficaram envolvidos com aquela agitação.
A Luz vinha da Sala Paulo VI, mas como estava completamente lotada, iluminava todos nós que não entramos, mas assistíamos maravilhados a celebração em forma de homenagem, através dos grandes telões espalhados pela praça.
Havia uma confusão típica das grandes aglomerações, mas aos poucos alguns foram ocupando as cadeiras, outros sentando no chão, outros ainda andando entre as pessoas e observando, em silêncio, tudo o que estava acontecendo e que não cabia apenas com um olhar.
Nós escolhemos um telão próximo e ficamos ali, conhecendo um pouco a vida de Chiara Badano. Uma jovem que morreu aos 19 anos de um tumor maligno, mais precisamente no dia 07 de outubro de 1990.
Só mesmo a fé pode encontrar alegria onde reina a tristeza. Só a fé pode ajudar a encontrar esperança na morte. Só Jesus pode nos dar luz mesmo em meio às trevas.
Assim foram passando as horas. De repente a lua não conseguiu mais iluminar as antigas colunas do Vaticano e uma nuvem densa encobriu toda a praça. Chegaram junto com ela o frio e uma grossa garoa. Mas também chegaram algumas pequenas velas que aos poucos foram distribuídas a todos. Alguém teve a idéia de levar um pouco de luz e em pouco tempo a praça estava toda iluminada com as luzes de nossas velas. A celebração continuava.
Ouvimos os cantos, assistimos as danças, entendemos a vida de Chiara e porque Igreja a tinha declarado Beata, isto é, Feliz. Modelo de fé e de amor a Jesus e ao Reino.
Fui entendendo o porquê ela recebeu esse segundo nome Luce, e como ela se transformou em um farol que naquela noite iluminava milhares de jovens, e que tem potencial para iluminar outros tantos.
Também estavam presentes os pais de Chiara. Emoção e realidade, esta jovem Beata existe mesmo e viveu entre nós.
Sua mãe nos contou sobre a filha e disse que Chiara sofreu muito com a sua doença. Quantos estão sofrendo ainda hoje, pensei. E nos contou ainda sobre os últimos momentos de Chiara Luce.
Antes de falecer ela disse: “Mamma, sii felice perché io lo sono. Ciau.” (Mãe, seja feliz, porque eu sou feliz! Até logo!).
Aí eu entendi o porquê da quantidade de jovens naquela praça. Eu entendi o que eu estava fazendo ali também. Era a busca da felicidade eterna, é a certeza de que só Deus pode dar sentido à nossa vida. É a garantia de que vale a pena trabalhar por um mundo melhor e nos unir a Jesus Abandonado, mas também saber ser feliz nas pequenas coisas da vida.
Começou uma chuva forte e fria, as velas foram se apagando, a multidão se dispersando, mas a luz continuava a iluminar. Agora penso que o Papa já pode descansar sem tanto barulho. E eu posso ir pra casa, molhado e iluminado.
Obrigado Beata Chiara Luce.
Obs: http://www.youtube.com/watch?v=25yMMNq_Vlk
2 comentários:
Nossa, deve ter sido um cenário perfeito, cheio de inundações de luz, amor e entendimento.
Que no dia-a-dia seja confirmado a sua escolha.
Deus ns guarde e abençoe.
Bjks:.
Que bom encontrar algo tão belo s/ Chiara Luce, escrito por um Dehoniano. Cheguei aqui através do Blog Pe. Joãozinho, scj.
Ouvi falar de Chiara Badano, ainda em vida por outra Chiara Lubich a fundadora dos Focolares.
E aquela sua contínua oração traduzida nas palavras "Por Ti " diante de cada ação. é algo que nos ajuda a viver a busca da união com
Deus!
Maria Inês
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