Precisamos falar sobre a vida. Não adianta passar pelos dias sem fazer uma reflexão profunda sobre os nossos atos cotidianos. A trama dos relacionamentos, por vezes tão mal feita e complicada, acaba por direcionar nossas escolhas e assim determinar nossa felicidade ou nossa tristeza.
Quantas vezes ao longo do dia fazemos o exercício do encontro e do confronto? Quantas vezes nos desviamos das pessoas que não nos agradam e acabamos por delimitar nossas experiências? Quantas vezes nos tornamos escravos de nossos próprios preconceitos e não nos aventuramos nos mistérios humanos e perdemos a capacidade de respeitar a liberdade de cada um?
São interessantes nossas escolhas, pois geralmente queremos alguém parecido conosco ou então que nos escute e nos admire, e esquecemos que a grande riqueza está justamente na diferença. A liberdade está na sua capacidade de aproximar-se das pessoas sem querer compará-las consigo mesmo, sem medo do diferente, sem preocupação em mudar ninguém. A liberdade está no exercício do confronto. Estar com o novo é descobrir realmente quem você é. E, de repente, corremos o risco de encontrar alguém mais resolvido do que nós, de encontrar alguém mais feliz ou, quem sabe, com mais verdades sobre a vida. E aí? O que fazer com esse problema?
Por isso a importância de se aventurar pelos mistérios humanos, deixar se envolver com o outro, de ser amigo, confidente, curioso, solidário, tudo isso nos deixa mais confiantes. Cada um tem a capacidade de carregar uma verdade sobre Deus, que nos fez todos, e é bom que não nos esqueçamos disso, a sua imagem e semelhança.
Nada melhor do que se espelhar em Jesus Cristo. Nos encontros e confrontos que constantemente Ele fazia. Quem era aquela mulher caída no chão, com o rosto no pó, ferida, humilhada, prestes a ser agredida em nome da justiça dos homens? Quais eram os riscos de se aproximarem dela? O que ela poderia nos oferecer? Quantas já encontramos assim.
No entanto Ele aproximou-se, salvou-a e pediu: não peques mais. Será que precisamos sempre julgar o outro antes de nos aproximarmos dele? Será que precisamos sempre ter pedras nas mãos para jogar no diferente, naquele que nos disseram para não nos aproximarmos porque não prestava? Será que não perdemos a oportunidade de fazer um novo amigo e de dar a ele a oportunidade de ter uma mão amiga para levantá-lo do pó? Ou quem sabe nós recebermos essa mão amiga. Perdemos tempo demais e oportunidades demais.
Quais foram os crimes daquele que estava crucificado ao lado do Cristo? Quantas pessoas ele enganou? De quantas tirou vantagens ou chantageou? Mas ele conseguiu encontrar uma mão amiga, justamente naquele que tinha as duas presas em uma cruz. Ainda hoje estarás comigo no Paraíso, disse Jesus. Quem levamos para o nosso paraíso? Quem são os escolhidos? Será que não somos seletivos demais? O problema é que usamos os critérios de nossa cabeça, que sabe tudo e possui a verdade plena. Falta-nos humildade e predisposição para o outro.
Quem realmente eu sou? Essa pergunta muitas vezes me desconcerta. Sou o que os outros vêem ou aquele que fica deitado na cama com insônia porquê não consegue lidar com seus próprios medos.
É sempre bom lembrar que a vida é passageira. É bom lembrar que a beleza está em justamente nos deliciarmos com as oportunidades que ela n os oferece, brindarmos com as pessoas as nossas conquistas, chorarmos nossas tristezas e insucessos. Isso pode ajudar a desvendar os mistérios dos relacionamentos.
Na ascensão, os discípulos ficaram olhando para o céu, talvez tentando absorver a grandiosidade daquele momento, mas também podiam estar envolvidos demais com suas dúvidas, e, com isso, levaram uma chamada de atenção: O que fazem aqui olhando para o céu?
O que nós fazemos aqui olhando para nós mesmos e nos fazendo de parâmetro para as demais pessoas? Quanto tempo já perdemos envolvidos em nossas próprias razões? Quantos amigos deixamos de conhecer pois não conseguiram escalar o muro que construímos ou não passaram nos testes que aplicamos.
A liberdade sempre nos enche de emoções e deixa a vida mais dinâmica.
Pense nisso.
2 comentários:
Levar alguém para nosso paraíso... Talvez, os nossos familiares, amigos e todos aqueles que conhecemos ao acaso e que nos tratam bem. Mas, como o texto diz, o problema das pessoas é o medo de conhecer o desconhecido e ainda assim julgá-lo.
Texto belissímo.
Como estás meu amigo, espero que bem, já estou com saudades e anciosa pelo seu retorno.
Um grande abraço e um beijo enorme.
Suas palavras pra mim são sempre muito valiosas, se o Sr. ainda não sabia disso lhe faço ciente de que sempre estou a relembrar nossas conversas, seus conselhos, suas opiniões...Sua ajuda!
E esse texto, assim como tudo que já me disseste, é motivo para grandes reflexões...
O medo e a descrença nos outros e no desconhecido, limita nossa capacidade de viver a vida com mais intensidade e liberdade, nos limita VIVER BEM E VIVER O BEM...
Abraços querido!!
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