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terça-feira, 31 de maio de 2011

Agora eu sou um peregrino


Domingo eu acordei muito cedo. Precisa terminar de arrumar a mala, fazer a barba, tomar um bom banho e ir para missa. Tivemos uma celebração dominical na capela de nossa casa, em Roma. Era o VI Domingo da Páscoa, ouvimos no evangelho de João, Jesus falando que não nos deixará órfãos. É realmente reconfortante mergulhar profundamente na Palavra. Compromete-nos e consola, sempre.
Missa pronta, café tomado, partimos em peregrinação pelos lugares dehonianos. Eu não imaginava que pudesse viver essa experiência de maneira tão profunda como estou vivendo. É como se a vida fosse acontecendo de maneira tão intensa que quase não tenho tempo para respirar. Mas sei muito bem que todo esse tempo de estudos tem uma razão de ser, preciso me preparar para a missão, que é árdua e exigente. Trabalhar na formação de novos religiosos é sempre desafiador. A matéria prima é o coração do homem, são os jovens que encontrarei pela frente e mais do que ensinar alguma coisa, precisarei vivê-la com eles. Só mesmo a ajuda de Deus, que chama e que conduz, é que faz deste trabalho algo possível.
Mas partimos. Almoçamos em Pisa, ao lado da torre que parece que vai cair a qualquer momento e dormimos em Albissola, no Santuário Dehoniano de Nossa Senhora da Paz. Um lugar lindo, no meio de muito verde e muitas colinas, bem próximo do mar e do porto de Gênova, onde por muitos anos foi a porta de saída de tantos italianos que buscavam vida melhor na América, como fizeram meus antepassados.
Nossos confrades nos receberam com alegria, nos falaram daquele lugar de paz e, de maneira especial, nos falaram de esperança. Nossa província italiana está envelhecendo, como tantas em toda a Europa, e as vocações são raras, mas eu vi brilho nos olhos daqueles velhos dehonianos. Padre Bruno, com seus 92 anos, disse que “é preciso colocar no coração dos jovens a paz, só assim será possível um mundo novo”. Mas é isso que eu sonhava quando era jovem, pensei. Fiz uma prece pedindo a Deus que me dê a graça de chegar nessa idade com esse mesmo brilho nos olhos.
No dia seguinte acordamos antes do sol, celebramos a eucaristia e partimos, afinal, caminhar é preciso.
Chegamos à França, e o primeiro encontro foi em Ars, terra de são João Maria Vianney, depois partimos para Cluny, um lugar com mais de mil anos de cristianismo, andamos à Taizé, fiquei emocionado com a espiritualidade do lugar, e terminamos em Paray le Monial, terra do Coração de Jesus, da santa Margarida Maria e de são Cláudio Columbiere. Meu Deus, muita emoção para um mesmo dia... preciso descansar um pouco. Amanhã teremos um dia de recolhimento e oração. Eu continuo ouvindo as palavras de Jesus de domingo passado: não vos deixarei órfãos.
Obrigado Senhor, e não se esqueça de fazer o meu coração semelhante ao seu, mesmo que isso seja difícil.

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