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sábado, 28 de maio de 2011

Saudade não sei bem de quê?


Canta Mônica Salmaso: “Um dia eu senti um desejo profundo de me aventurar nesse mundo pra ver onde o mundo vai dar...”.
Hoje faz um ano que cheguei à Itália. Era um dia quente, o céu estava azul, e eu feliz, tudo exatamente como o dia de hoje.
Vim para viver, talvez, a experiência mais particular da minha vida. Cheguei com o coração aberto, sem saber bem onde isso iria dar, mas com muita vontade de viver intensamente cada dia.
Aqui eu pude experimentar todas as emoções que um ser humano pode ter. Fui fiel em muitas coisas, relapso em outras, fiz o meu caminho. O que seria da vida sem o prazer de se aventurar pelo mundo, mas o mundo que falo é o nosso mundo interior, o mundo que temos dentro do coração. É preciso sempre redimensionar as coisas da alma, dar sentido às pequenas coisas, se não nos perdemos.
Saio dessa experiência com três certezas: que é muito bom ser dehoninano; que amo ainda mais a Igreja; e que tenho limites que ainda precisam ser trabalhados.
Descobri o que realmente é pertencer à Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus. Pude tocar o “ser dehoniano” de maneira profunda e bela. Conheci mais sobre Padre Dehon, sua vida, seus sonhos, sua luta e sei que ele é santo. Conheceu Jesus profundamente e sentiu na pele o que é ser obediente, mesmo que isso o fizesse sofrer: Ecce Venio. Padre Dehon amava a Igreja e dedicou-se ao apostolado. Entendo agora o que ele quis dizer quando deixou escrito no testamento para os seus filhos espirituais: “Deixo-vos o mais maravilhoso de todos os tesouros: o Coração de Jesus”. Foi um homem que entrou no Coração de Jesus e viveu todas as alegrias e todas as dores desse Amor. Fiz amizades com confrades de terras distantes, e que para mim são exemplos de dehonianos. Sinto-me hoje mais dehoniano de que quando cheguei. Temos falhas, mas será que temos que colocá-las sempre como base de nossas opiniões, ou podemos construir nossos alicerces calcados nas experiências positivas que vivemos? Eu procuro escolher sempre a segunda opção, e assim deixar os olhos contemplarem as maravilhas das amizades e do mundo.
Conheci de perto a Igreja de Roma. Tive momentos onde o Papa se fazia presente, fui até ele numa visita com os bispos do Maranhão. Conheci o Vaticano, onde foi possível, li alguns documentos, participei de algumas celebrações importantes. Enfim, aproveitei para fazer uma experiência pessoal com a Igreja. Não fazia parte do meu curso, mas se estava aqui, por que não? Posso dizer que retorno a casa amando ainda mais a Igreja. Volto tendo a certeza de que a Igreja na América - Latina pode contribuir com a Igreja Universal. Somos uma Igreja viva, temos muitas pastorais, aprendemos a refletir com o povo, a ouvir e a delegar funções. Somos inseridos nos meios populares e não podemos nunca perder nossa identidade. Sei também que a Igreja na Europa está passando por momentos difíceis, descobri a Igreja na Ásia e fiquei maravilhado com a pureza de coração daquele povo, com a solidariedade e alegria com que levam adiante o Evangelho. Percebi que a Igreja na África é uma grande esperança para todo o mundo e que possui uma liturgia belíssima. Enfim, retorno com uma visão amplificada da nossa Igreja e com a certeza de que devemos nos unir para melhor evangelizar. Aprendi com o Beato João Paulo II, que não devemos ter medo, pelo contrário, devemos escancarar as portas a Cristo.
E com todas essas experiências eu também me descobri como pessoa. Fui estrangeiro e isso me deu a oportunidade de entrar em mim mesmo e olhar para minha vida. Levei um susto. Experimentei a queda e a misericórdia, a segurança e o medo, aprendi a recomeçar quase que diariamente e percebi que mudar algumas coisas em nós demora muito tempo. É preciso caminhar, perseverar e confiar na misericórdia de Deus.
Sabe que agora começa a me dar saudades... Não sei bem de quê, mas é hora de começar a arrumar o coração, colocar os livros na mala, ir despedindo dos lugares. Começo a ter “um anseio de tudo esquecer e voltar”.
É preciso recomeçar sempre, sou feliz com isso. Que Deus me ajude a ser fiel na minha missão.
Guardo comigo os amigos que fiz, as experiências vividas, o frio, o calor e o cheiro da primavera, tão intenso como o do outono. Carrego no coração apenas um agradecimento a Deus por mais essa oportunidade de me conhecer melhor.
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“Agora, aprendi porque o mundo dá voltas, quanto mais a gente se solta, mais fica no mesmo lugar...”.

2 comentários:

Vagner Donizetti Maciel disse...

Salve Padre Djalma! Parabéns pelo testemunho escrito. Estou feliz por tê-lo como confrade dehoniano e ter caminhado contigo durante este ano escolástico. Desejo-te felicidades na tua missão e obrigado por fazer parte também da minha vida.

Neli Marques disse...

Oi querido que linda esta sua passagem ai na alemanha e tambem com esta graças de ter bem de perto todos estes conhecimentos sobre como foi este grande sacerdote padre joão leão Dehon,quero saber mais.Parabens por todos estes seus conhecimentos.um grande abraço!!!!!!!!